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Pela Democracia

“Eu não fui eleito coisa nenhuma” ripostou o ministro Vítor Gaspar há dias às críticas da oposição no parlamento que denunciavam a ilegitimidade do orçamento face aos programas eleitorais da maioria. O primeiro-ministro, que não pode alegar não ter sido eleito, declarou “esperar” que o desemprego aumente no próximo ano.

 

Não são lapsos: o governo finge que a “brutal” austeridade a que sujeita os portugueses é exigência, sem alternativa, da troika; o capital financeiro internacional impõe aos países europeus (até agora especialmente aos do sul) uma violenta receita de desmantelamento económico, desemprego e empobrecimento através dos seus homens de mão não eleitos: de Lagarde, Barroso e Draghi até aos de quinta linha como António Borges e Carlos Moedas. Quando Vítor Gaspar se assume como não eleito está sobretudo a responder às vozes críticas vindas dos partidos da maioria, lembrando não ser descartável como Passos, pois já terá o lugarzinho à espera como “bom aluno” de Schäuble.

 

A democracia está em perigo. Tal como em Portugal, a União Europeia está, no início de Junho, sem orçamento aprovado, uma vez que o parlamento europeu – único órgão eleito – chumbou o que lhe foi apresentado por Barroso.

 

Aqui o primeiro-ministro não tem vergonha de violar sucessivamente a constituição e insistir em insultar o tribunal constitucional por este não assobiar para o lado como o presidente da república.

 

Não permitirmos estes atropelos, agirmos concertadamente a nível europeu, usarmos efectivamente os mecanismos institucionais e democráticos de que dispomos é a via de saída deste carril desastroso.

 

É urgente assumirmo-nos como os legítimos detentores da soberania e exercer activamente a democracia em favor do bem comum.

 

Independente de Cantanhede, 5 de Junho de 2013