Share |

O Mar que se decide na UE

Há um conjunto de escolhas importantíssimas que se fazem na UE (União Europeia) que definem e definirão o mar que queremos.

Queremos evitar que desapareçam as espécies de peixe que nos chegam ao prato? No tempo do meu avô, pescador da Costa de Lavos, a nossa costa tinha muito mais peixe do que tem hoje. Entretanto, na Grécia e na Córsega, o peixe acabou. Pescam-se moluscos ou crustáceos, mas o peixe que aparece nos pratos por essas paragens é todo congelado. Sem a investigação financiada pela UE, hoje dificilmente saberíamos quais as espécies ameaçadas pela sobrepesca tal é a falta de investimento nacional nas instituições responsáveis pela área.

Queremos que os pescadores sejam pagos justamente e que a sua profissão seja justamente reconhecida? Cada vez há menos pescadores com vontade de continuar nas pescas. O trabalho é duro, mal pago, não é uma profissão reconhecida socialmente e a formação, que vai sendo mais frequente, nem sempre está ao alcance de todos. O reconhecimento europeu do pescador como um técnico qualificado é essencial nos tempos que correm, sobretudo quando o peixe é tendencialmente um produto caro.

Queremos uma costa limpa, livre de descargas selvagens? Desde que foi criada a Agência Europeia da Segurança Marítima, sediada em Lisboa, o número de descargas ilegais e de lavagens de tanques de petroleiros na nossa costa diminuiu drasticamente.

As alterações climáticas estão a colocar desafios cada vez maiores às populações do litoral. A erosão costeira provocada pela falta de areia retida nas barragens, a lenta subida do nível do mar e a acidificação da água dos oceanos provocada pela concentração excessiva de dióxido de carbono na atmosfera, são outros dos importantes desafios que deverão ser combatidos à escala da UE nos próximos anos.

Por isso, será tão importante votar nas europeias no próximo fim-de-semana, até pelo nosso mar.

Publicado em LUX24 – 20 de maio de 2019