Share |

Novo centro de gravidade

Durante os mandatos de Aguiar de Carvalho, foram projetadas novas avenidas que desviariam o trânsito exterior dirigido às praias e o fariam fluir sem perturbar o quotidiano dos figueirenses e do comércio do centro da cidade. A solução era óbvia e resultou facilmente.

No entanto, na altura ninguém imaginou que um dia estas avenidas também serviriam de acesso a grandes superfícies comerciais. A ajudar o planeamento que estava para vir, ocorreram oportunos incêndios em terrenos do sopé da Serra, que mais tarde ou mais cedo viriam a servir de base para instalação das novas grandes superfícies.

Hoje, as avenidas que originalmente serviam para desviar o trânsito exterior do centro da Figueira passaram a atrair os próprios Figueirenses, que efectuam ali as suas compras, vão ao cinema, vão comer, etc. Avenidas pensadas para um rápido fluir do trânsito passaram a ser equipadas de semáforos, de passadeiras e de variados obstáculos urbanos para a reduzir a velocidade, aproximando a velocidade média de circulação nestas artérias à velocidade de circulação na zona antiga da cidade. Nos dias que correm, a deslocação do centro de gravidade da cidade está consumada.

Esqueçam o rio ou a praia, a Figueira deslocou-se para uma das suas periferias, atropelando corredores verdes, cursos água e zonas de cheia junto à serra. Isto é outra cidade meus caros, e não é bonita.    

Publicado no Diário As Beiras - 1 de junho de 2017.