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Pureza visita estruturas artísticas do distrito

Foto de Ricardo Martins

O deputado do Bloco de Esquerda eleito por Coimbra, José Manuel Pureza, visitou na segunda-feira, dia 6 de junho, três estruturas de criação e programação artísticas do distrito: Centro de Artes Visuais/Encontros de Fotografia, Citemor/Festival de Montemor-o-Velho e O Teatrão.

Todas com mais de duas décadas de atividade regular, estas três estruturas atravessam momentos de enormes dificuldades financeiras e indefinição, em consequência dos cortes sucessivos dos últimos anos no financiamento público à atividade artística e da incerteza que subsiste, quanto ao prazo e às condições de abertura dos novos mecanismos de apoio, que o atual Governo tarda em anunciar.

No caso do Citemor, alertaram os seus responsáveis Armando Valente e Vasco Neves, está mesmo em risco a possibilidade da realização do Festival este ano, o que constituíria um acontecimento inédito na sua história e que pode colocar em causa a continuidade de uma das mais relevantes iniciativas culturais do Distrito e da Região.

Pureza ouviu testemunhos de grande apreensão perante a instabilidade e a precariedade em que trabalham estas estruturas, agravada pelo facto de a mudança governativa não se ter traduzido em qualquer recuperação do orçamento que a pasta da Cultura foi perdendo ao longo da legislatura do Governo PSD-CDS. Na reunião mantida com o diretor do Centro de Artes Visuais, Albano da Silva Pereira, o deputado subscreveu a preocupação e comprometeu-se a trabalhar, com o grupo parlamentar do Bloco de Esquerda, para inverter esta tendência já a partir do próximo Orçamento Geral do Estado.

Estabilidade, previsibilidade e confiança

Para além das questões financeiras, a necessidade de estabilidade (garantida através de contratos plurianuais celebrados entre o Estado e as estruturas artísticas, no âmbito do serviço público que prestam), de previsibilidade (nomeadamente no que diz respeito ao cumprimento dos prazos estabelecidos para a abertura dos concursos) e de recuperação da confiança mútua (que passa também pela avaliação dos resultados do mais recente ciclo de financiamentos públicos, que termina em 2016), foram outros aspectos comuns nas conversas mantidas com os agentes culturais. O deputado deu conta da intenção do Bloco de Esquerda de questionar oficialmente o Governo nos próximos dias sobre o calendário e restantes procedimentos em relação aos apoios públicos, cuja urgência reconhece.

1% do PIB para o orçamento da Cultura

Assumindo que as áreas culturais não fizeram parte do acordo que sustenta o Governo, José Manuel Pureza reiterou os princípios enunciados no Manifesto Eleitoral do Bloco de Esquerda, incluindo a reivindicação do aumento significativo do orçamento do sector (tendo como meta 1% do PIB) e definiu a Cultura como eixo fundamental do desenvolvimento social que o BE preconiza. Entre as áreas que merecem intervenção prioritária estão a articulação entre Educação e Cultura, a necessidade de uma atenção especial ao lugar das atividades culturais no acesso aos fundos comunitários e o papel insubstituível da criação artística na descentralização e na organização do território, concordou, no final da conversa com Isabel Craveiro, diretora da companhia O Teatrão.

O deputado comprometeu-se a transmitir as informações recolhidas aos seus colegas de bancada, em particular a Jorge Campos, deputado bloquista que representa o partido na Comissão de Cultura e que em breve visitará o Distrito para conhecer as realidades específicas das estruturas artísticas de Coimbra. Nas próximas semanas, José Manuel Pureza voltará a realizar um “roteiro cultural” pela cidade, agora vocacionado para as questões do ensino artístico, um elemento fundamental da transformação social que defende.