Share |

A fúria dos supermercados

A lei da oferta e da procura justifica a proliferação de grandes superfícies na Figueira? Não, não justifica. A faturação das lojas das várias insígnias de dimensão nacional, presentes na Figueira, é das mais baixas do país. As vendas por metro quadrado são cerca de metade da média nacional. Pior, antes da recente abertura do Lidl, as vendas já estavam em decréscimo. Se a economia funcionasse racionalmente, o lógico seria parar de construir e não a instalação de novos supermercados.

No entanto, o negócio das cadeias de supermercados que pagam impostos fora do país já não resulta das margens de comercialização dos produtos, mas sim das operações financeiras resultantes da transação de grandes volumes de produtos e do que a indústria paga para continuar a ter os seus produtos nas prateleiras das lojas. 

Com o mercado estagnado, a forma mais fácil de obter crescimentos de faturação é aumentando a área de venda. Ao construirem uma nova loja, a maior faturação implica maiores lucros financeiros. As novas lojas são pagas através de empréstimos bancários.

O resultado é uma bolha de supermercados que cresce à custa dos recursos e dos solos que o PDM lhe oferece, causando impactos ambientais irreversíveis e um serviço desajustado às necessidades da população e do mercado. A pressão do fim de validade de contratos-promessa destas insígnias nalguns locais onde esperam alteração do PDM é autêntica pólvora no meio disto tudo.

Publicado no "Diário As Beiras" - 25 de maio de 2017.