As eleições presidenciais francesas não são apenas importantes para os franceses, são relevantes também para a Europa e para Portugal. A França é um dos países com quem temos laços mais fortes, o país europeu onde vivem mais portugueses ou luso-descendentes.
O povo francês, como poucos, interessa-se pela nossa política e nossa história. A França é também o único país da UE com capacidade de dissuasão nuclear autónoma e que tem sido regularmente o país que mais se opôs às políticas belicistas americanas.
Fillon e Marine Le Pen vão gerindo campanhas de continua fuga para a frente, abusando da imunidade parlamentar para escapar às convocações da justiça sobre fraudes financeiras milionárias. Macron representa um centro-esquerda cujo programa político faz lembrar o Blairismo.
Macron é um produto da alta finança francesa, condescendente com as benesses e os excessos das oligarquias financeiras que nos mergulharam na crise económica mundial. Daqui, nada de novo virá para a Europa. Por seu turno, a esquerda apresenta-se lamentavelmente dividida.
Somados, os resultados das sondagens de Hamon e de Mélenchon dariam o primeiro lugar à esquerda. Em 2008, ambos integraram uma moção liderada por Hamon contra a liderança do PS por Hollande. Hoje não se entendem. Egos e falta de cultura unitária na esquerda impedirão a França e a UE de afrontar a finança e a austeridade.
Publicado no Diário As Beiras - 20 de abrilde 2017.