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Dos Movimentos

Nas autárquicas de 2013, as concelhias do Bloco de Coimbra e de Braga apoiaram movimentos de cidadãos que partilhavam em grande medida as ideias e as propostas do Bloco para a política da cidade. Os resultados foram honrosos, mas ainda mais interessante que os resultados foram as dinâmicas que se geraram entre o Bloco e os movimentos. Há uma complementaridade entre a mobilização de cidadãos por uma causa local e um partido cuja atividade política é continuada, da freguesia à escala europeia, que é enriquecedora para a intervenção política. Em Coimbra, a experiência correu bem e repetir-se-á em 2017.

Há fatores que impedem que um movimento seja apenas um fogacho a uma eleição: a coerência do projeto político; imensa disponibilidade para o trabalho no terreno; dossiers bem estudados; motivação. A ideia das virtudes espontâneas só porque se é movimento e não se é partido, na prática de nada serve. Depois das eleições, movimentos e partidos deverão atacar os mesmos dossiers, sujar as mãos nos mesmos problemas e é a qualidade da intervenção política que mais contará. Em Roma, o Movimento Cinco Estrelas (que é um partido) ganhou a autarquia com o discurso da virtude de não ser partido. Roma é hoje uma cidade ingovernável e a presidente de câmara foi acusada em vários processos por corrupção e abuso de poder. Esqueceram o mais importante: a qualidade do projeto político.

Publicado no Diário As Beiras - 2 de fevereiro de 2017.