O descarrilamento do comboio de mercadorias, recentemente ocorrido na Linha do Norte, mostrou a fragilidade da nossa rede ferroviária. Mostrtou particularmente o resultado do desinvestimento no comboio dos últimos governos, em grande medida incentivados pela intervenção da troika no nosso país.
A nossa rede ferroviária oferece poucas alternativas viáveis à Linha do Norte, que se tornaram ainda mais limitadas após o encerramento da linha Figueira-Pampilhosa. Uma das alternativas possíveis a alguma circulação ferroviária afetada pelo recente acidente do comboio de mercadorias, poderia ter passado justamente pela linha Pampilhosa-Figueira através da ligação à linha do Oeste ou à Linha do Norte em Alfarelos. Poderia, mas não pode, está fechada.
A ausência de uma estratégia regional de transportes só contribui para piorar este cenário. Apesar das boas intenções da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra ao defender a reabertura da linha entre Pampilhosa e Figueira, os respetivos autarcas pouco têm feito para fomentar os transportes públicos nas respetivas cidades, entre as cidades do próprio distrito e entre o distrito de Coimbra e Lisboa.
Já aqui repeti como o absurdo dos horários matinais tardios dos comboios que nos ligam à capital parecem não incomodar os executivos locais. Como confiar na real convicção dos atuais autarcas locais para mudar este cenário?
Publicado no Diário As Beiras - 13 de abril de 2017