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BE recomenda medidas urgentes para as Maternidades Daniel de Matos e Bissaya Barreto

PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 1627 / XIII/ 3.ª

RECOMENDA AO GOVERNO A TOMADA DE MEDIDAS URGENTES DE REFORÇO DO QUADRO DE PROFISSIONAIS E DE QUALIFICAÇÃO FÍSICA E DE EQUIPAMENTO DAS MATERNIDADES DANIEL DE MATOS E BISSAYA BARRETO, EM COIMBRA

Fruto da acentuada diminuição da natalidade registada nas últimas décadas, a existência de duas maternidades em Coimbra – Maternidade Daniel de Matos e Maternidade Bissaya Barreto – deverá ser reequacionada por constituir uma duplicação de recursos e assim aconselhando a procura de ganhos de escala, sempre na preservação de rigorosos critérios de qualidade e segurança.

 

Recorda-se que na última década o número de nascimentos não ultrapassou os 5000/ano o que se traduz, em média, em pouco mais que 13 nascimentos/dia.

 

Historicamente, estas duas maternidades guindaram Coimbra e a Região Centro para indicadores apenas observáveis em raros países a nível mundial.

 

Daí que a fusão das maternidades existentes tenha que ser planeada e executada com grande rigor no sentido de se prevenirem as entropias ainda  recentemente observadas na fusão feita em nome da constituição do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra (CHUC).

 

Entretanto, é facilmente antecipável que a nova Maternidade, já prometida pelo menos desde 2006, na perspetiva mais otimista, será obra para ver a luz do dia só para meados da próxima década.

 

Até lá, as duas maternidades terão que continuar a sua laboração normal, 24 horas por dia, sete dias por semana, 365 dias por ano.

 

Ora, o que é facto é que hoje elas já vivem uma situação de pré-rotura anunciada.

 

A carência atual de recursos humanos é inquestionável: ambas, somadas, contam com nove obstetras com menos de 50 anos, sete entre os 50-54 anos e 28 com 55 anos ou mais. Se estes profissionais optarem por fazerem valer os seus direitos legais, deixando de assegurar serviço de urgência, no todo ou em parte, elas entrarão em rotura logo no dia imediato; o mesmo para os perinatologistas. E o quadro não é menos sombrio se considerarmos a situação dos restantes grupos profissionais – escassos, envelhecidos, esgotados.

 

E também as instalações de ambas as maternidades se encontram em avançado grau de degradação a exigirem urgentes obras de manutenção.

 

Finalmente: a obsolescência tecnológica em ambas a unidade agrava, ainda mais, uma situação, por si só, inaceitável.

 

O Bloco de Esquerda saúda e presta tributo à dedicação continuada de todos os profissionais que, nestas condições de trabalho, têm dedicado o seu melhor na preservação dos mais elevados padrões técnicos que, ao longo de décadas, souberam construir.

 

Ao abrigo das disposições constitucionais e regimentais aplicáveis, o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda propõe que a Assembleia da República recomende ao Governo:

1 –  Que  tome, com carácter de urgência, todas medidas necessárias para a dotação adequada, em cada uma das maternidades, dos profissionais de saúde cujas carências já estão devidamente identificadas;

2 –   Que  intervenha, com carácter de urgência, na beneficiação e decorrente superação da degradação das instalações e equipamento de ambas as maternidades;

3 –  Que  se comprometa, com datas explícitas, com um cronograma para a edificação da nova maternidade de Coimbra;

4 -  Que o processo de eleição do local para a sua edificação seja objeto de discussão técnica prévia, mas também com a garantia de um subsequente processo estruturado de informação e discussão públicas.

 

Assembleia da República, 17 de maio de 2018.

As Deputadas e os Deputados do Bloco de Esquerda,