As várias greves, que têm decorrido em diferentes setores, abalaram momentaneamente o governo de António Costa.
Algumas greves correspondem a reivindicações mais urgentes, outras menos. Algumas têm consequências, que comportam alguns riscos, outras menos.
No entanto, há uma questão comum a todas estas greves: o desinvestimento no setor público.
Os comboios, a rede ferroviária, os hospitais, as universidades e outros serviços públicos continuam a degradar-se, sem pessoal para a manutenção dos equipamentos e sem novos investimentos para desenvolver o alcance destes serviços.
Apesar de este governo ter decidido bem pela reposição (embora parcial) dos rendimentos do trabalho, a austeridade foi transferida para os grandes serviços públicos.
A precariedade continua a grassar depois de terem sido criadas espectativas de combate à precariedade e de adoção de contratos justos com os profissionais dos vários serviços públicos.
A não atualização dos orçamentos das instituições públicas em relação à inflação continua a ter repercussões graves na manutenção dos equipamentos mais antigos e impossibilita a aquisição de novo equipamento.
António Costa e o governo bem se podem queixar sobre a pertinência das reivindicações dos professores ou sobre os efeitos das greves dos enfermeiros, mas o que é certo é que a austeridade existe, apesar de estar escondida, e está no cerne de todos estes protestos.
O país precisa mais do que nunca de um rumo claro e esse rumo só pode ser empreendido se os investimentos deixarem de ser simples proclamações e se materializem nos principais serviços públicos: ferrovias, hospitais, escolas, universidades, portos, etc.
Publicado no LUX24 - 17 de dezembro de 2018