Desde 2004 que têm sido publicados trabalhos científicos muito relevantes (ver Knutson, Journal of Climate, 2004) que relacionam o aumento da frequência e da intensidade dos furacões com as alterações climáticas provocadas pela atividade humana no planeta.
Esse aumento de frequência tem sido registado do outro lado do Atlântico e, este fim de semana, registámos do lado de cá um furacão de uma intensidade como nunca tínhamos conhecido.
A Figueira da Foz foi atravessada pelo furacão Leslie que deixou um rasto de destruição derrubando árvores, camiões TIR e partes de edifícios, que fez voar rulotes, contentores da construção civil e inúmeros telhados. A Figueira sofreu um embate frontal dos efeitos das alterações climáticas, não tenhamos dúvidas.
A pior notícia, é que não há perspetivas de isto melhorar nos próximos decénios. O dióxido de carbono em excesso que estamos a emitir para a atmosfera fica por lá pelo menos uns 200 anos e se não tomarmos medidas enérgicas a probabilidade deste tipo de fenómenos ocorrer só vai aumentar.
Para piorar o cenário, temos hoje uma proliferação de chefes de estado populistas irresponsáveis como Donald Trump que se divertem a implementar medidas que só pioram o estado do clima.
Esta luta, não é uma luta que se resolva em dois dias com a intervenção de um país. Serão necessárias décadas de luta para implementar políticas globais que combatam este fenómeno e que reparem os estragos que foram ocorrendo pelo caminho.
Agora, é tempo de solidariedade com as vítimas do furacão, de acudir aos que mais precisam, de reforço dos meios da proteção civil e de declaração do estado de calamidade pública.
Publicado no LUX24 - 15 de outubro de 2018